quarta-feira, 16 de maio de 2012

Eu amo plantas e paisagismo

Redigi este texto há 6 anos atrás para a revista "Espaço D", ficou um texto muito esclarecedor sobre a arte do paisagismo e outras artes nos quesitos básicos como: MENSAGEM, EQUILÍBRIO, ESCALA, DOMINÂNCIA e HARMONIA, explicados um a um no texto. 

Por que contratar um paisagista?
O paisagista é um profissional qualificado em diversas áreas de atuação, necessita da sensibilidade artística e também do conhecimento técnico para colocar sua arte viva em prática.
Além disso, o profissional levará em conta a vegetação existente, procurando seu melhor aproveitamento, ao invés de simplesmente arrancar ou transplantar.
Segundo Carla Cristina Bernardes, “O projeto paisagístico deve levar em conta o estilo arquitetônico, as
características do solo, topografia, recursos hídricos, harmonia e funcionabilidade”.
A composição paisagística trata de uma série de aspectos como a mensagem, o equilíbrio, a escala, a
dominância, a harmonia e o clímax da paisagem que no seu conjunto dão a beleza esperada.
Mas para falarmos destes princípios precisamos entender os elementos de comunicação de um jardim. Dentre os mais significativos temos as linhas, formas, texturas e cores, além dos invisíveis como sons, cheiros, etc.
As linhas podem ser retas, curvas ou mistas. Elas têm o poder de oferecer impressões diversas ao observador e bem exploradas conferem significado ao jardim da seguinte maneira:
-linhas horizontais: transmitem calma, paz, descanso
-linhas verticais: sugerem ascensão, grandiosidade, força, permanência. Quem nunca teve esta sensação perante uma imponente palmeira ou um grande cipreste italiano?
-linhas curvas: relacionadas com graça, movimento e dinamismo, caso típico de caminhos sinuosos por entre o jardim.
Este planejamento de linhas serve para fazer a divisão dos espaços, de acordo com a função de cada ambiente.

Em relação as formas, cada planta possui a sua , como também cada conjunto delas, as copas das árvores possuem formas diferentes, os arbustos, as palmeiras e as flores, não é difícil imaginar este maravilhoso jogo de formas em um jardim.

A textura está relacionada diretamente com as nossas sensações, com o aspecto, olhar um cacto e uma rosa, cada um passa sensações diferentes e deve-se diretamente à textura de cada um. Este conjunto de texturas no jardim bem explorado cria fantásticos efeitos.

As cores tem uma importância e um poder de comunicação tão significativos que seu uso deve ser extremamente estudado antes de se compor qualquer projeto junto aos seus respectivos usuários. Isto deve-se ao poder das cores transmitirem sensações. Tomemos duas cores totalmente opostas; azul e vermelho. O vermelho causa sensação de euforia, excitação, ação, calor, além de dar a impressão de
recuo, portanto causando a impressão de diminuição do espaço onde está sendo usado, portanto podemos dizer que se tomarmos grandes áreas e quisermos causar o efeito de diminuição o uso do vermelho é extremamente recomendado.
O vermelho também causa aumento da pressão arterial e tensão muscular, tornado-se extremamente estressante quando mal usado.
O azul por sua vez é o oposto, a sensação de paz, frescor ,calma e ao contrario do vermelho confere ao jardim o sentimento de amplitude, portanto recomendado para pequenos espaços.
Visto isto finalmente podemos entender melhor os princípios da composição paisagística:

-A MENSAGEM: não basta o jardim estar “arrumadinho”, ele tem que dar o recado, tem que falar com o usuário, deve ter sentido em cada planta colocada.

-O EQUILIBRIO: como em uma balança de dois pratos, funciona também nosso jardim. É como se houvesse um eixo central e de cada lado o peso dos componentes deste jardim deve ser igual ao outro.

-A ESCALA: diz sobre o aproveitamento dos espaços, suas distâncias corretas e no caso das plantas o fator tempo nunca deve ser esquecido, pois o desenvolvimento de algumas espécies pode interferir na escala antes prevista.

-A DOMINÂNCIA: algo sempre dominará o espaço, nem sempre em quantidade, mas as vezes por expressão conforme cada elemento de comunicação.

-A HARMONIA: sempre lembrada a harmonia é a primeira coisa que pensamos que um jardim deve ter seu conceito está relacionado com unidade, ou seja,. quando olhamos para o jardim e não conseguimos conceber que nada pode ser tirado nem colocado, aí sim, ele está harmônico, ou seja, tudo vira uma coisa só.

-O CLIMAX: em qualquer jardim algo nos chama a atenção em primeiro lugar, aquele objeto ou imagem que prende nosso olhar por alguns segundos, este é o clímax do jardim. Podem ser usados um ou mais, cuidado com os exageros que podem causar uma poluição visual devido a causar uma
confusão para o observador.

O jardim é uma forma de arte, classificado nas “Belas Artes”, que requer do paisagista conhecimentos de diversas áreas como botânica, geologia entre outras. Mas o paisagismo é arte no seu poder de causar emoções e estas emoções causadas dependem do íntimo de cada profissional, basta lembrar dos grandes artistas que ficaram para a história , eles colocavam sua alma no que se propunham a fazer. Como em
uma tela, como numa escultura ,assim deve ser também no jardim. O artista tem a teoria em sua alma e só aperfeiçoa seus conhecimentos no desenvolvimento de seu trabalho.

Texto:
Carla Cristina Bernardes.

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